As origens: A Virgem de Guadalupe não Vem me Ver
A Virgem de Guadalupe não Vem me Ver nasceu como uma proposta artística de Maite Cajaraville para Cáceres Abierto. Tratava-se de uma instalação que extraía impulsos elétricos de produtos agroalimentares da Extremadura para gerar, em cerâmica e através de impressão 3D, um mapa socioeconómico da região.
Em junho de 2017, e durante quatro dias, a escultura da Extremadura foi impressa in situ na Praça Maior de Cáceres, nutrindo-se com produtos locais: presuntos, queijos, etc. Quando a energia que alimentava a impressora 3D diminuía, os visitantes interagiam com a peça, adicionando mais comida ou movendo as placas polarizadas para aumentar a produção.
O mapa resultante integrou valores relacionados ao crescimento econômico e a realidade social da região como um todo, mas analisou vila por vila. De forma intuitiva, as pessoas que visitaram a instalação puderam reconhecer seu município e mergulhar em sua realidade.
Para a execução da modelagem 3D do mapa, foi realizada uma minuciosa investigação, compilação, análise e normalização de dados da Extremadura e de cada um dos seus municípios, referentes ao período 2014-2017. Os coeficientes positivos geraram elevações na superfície do mapa e os negativos, depressões. Ambos foram calculados com base no número de habitantes de cada população e em relação à sua riqueza, sua atividade econômica e os serviços oferecidos aos seus habitantes durante os anos analisados.
Para estabelecer a situação de cada município, foram considerados como coeficientes positivos os seguintes fatores: índice de atividade econômica, número de empresas, número de marcas registradas, número de desenhos industriais, número de patentes, número de nomes comerciais registrados, número de agências de comunicação e marketing, número de empresas com I&D, número de empresas de consultoria e gestão empresarial, centros de línguas e escolas, existência de estação de comboios de passageiros em funcionamento, existência de estação de comboios de mercadorias, número de comboios diários, taxa de expansão populacional e ser sede de uma das 50 empresas da Extremadura com maior volume de negócios.
Ao contrário, essas outras variáveis são consideradas coeficientes negativos: taxa de desemprego, taxa de desemprego feminino, taxa de crescimento populacional negativa e fechamento de estação de trem.
Após quatro dias de instalação interativa, foi criado o mapa tridimensional da Extremadura, feito de cerâmica. Para desenvolver o plano tridimensional, o perfil da região foi tomado como figura principal. Os parâmetros socioeconômicos dos municípios foram somados a esse perfil plano, gerando um terceiro eixo, que desenhou a terceira dimensão. Em seguida, A Virgem de Guadalupe não Vem me Ver foi exibida na galeria de arte El Brocense.
Ao contrário, essas outras variáveis são consideradas coeficientes negativos: taxa de desemprego, taxa de desemprego feminino, taxa de crescimento populacional negativa e fechamento de estação de trem.
Posteriormente, entre 30 de abril e 30 de setembro de 2021, a peça integrou VEXTRE, Extremadura em Lugares, uma exposição individual de Maite Cajaraville no MEIAC, em coprodução com o Centro de Arte e Cultura (CAC) da Fundação Eugénio de Almeida (FEA). Na exposição foi apresentada a peça virtual VEXTRE, que transfere para a realidade aumentada ou expandida a meticulosa investigação de dados realizada para a escultura física.
A partir de 19 de fevereiro de 2022, A Virgem de Guadalupe não vem me ver fará parte da ALVEX, uma exposição no CAC_FEA em Évora, em coprodução com o MEIAC, que transferirá o espírito e o olhar VEXTRE para o Alentejo, gerando simultaneamente, novamente in situ, uma escultura física em 3D e uma peça virtual baseadas em dados socioeconómicos desta região portuguesa.